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Doença de Crohn

O que é?

É um tipo de doença inflamatória intestinal crónica autoimune que pode causar inflamação de qualquer parte do aparelho digestivo, desde a boca até ao anûs, mas ocorre mais frequentemente na parte terminal do intestino delgado (íleo), ou na parte superior do intestino grosso (cólon). Pode causar dor, ser debilitante e, por vezes, implicar risco de vida.

Pode afetar todos os grupos etários, sobretudo os jovens adultos, com idade entre os 16 e os 40 anos. Atinge igualmente homens e mulheres. Cerca de 20% dos pacientes com doença de Crohn têm um familiar, mais frequentemente um familiar direto, com alguma forma de doença inflamatória do intestino, o que leva os especialistas a crer que, em alguns casos, a doença possa ser transmitida hereditariamente

Em Portugal, nos últimos anos, tem-se assistido a uma incidência crescente desta patologia. A prevalência estimada é de 73 casos por cada 100 mil habitantes.

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O nome da doença tem origem no médico Dr. Burrill Crohn e passou a ser considerada um problema médico quando foi descrita por Crohn e colegas em 1932.

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Sintomas

Os sintomas podem variar, no entanto os mais comuns são diarreia, dor abdominal, como cólicas, perda de peso e de apetite, fatiga e febre.

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Também podem ocorrer sintomas não relacionados com o aparelho digestivo, como dores nas articulações, lesões da pele, vermelhidão, dor e comichão nos olhos, feridas na boca e anemia. Outras manifestações precoces são ferimentos na região perianal, incluindo, fissuras, fístulas e abcessos. Esta doença tem um curso variável, existindo períodos de crise e outros em que não existe qualquer sintoma.

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As suas complicações mais comuns são:

  • Oclusão intestinal, que pode implicar cirurgia

  • Úlceras em qualquer zona do tubo digestivo, incluindo na boca, ânus e região genital

  • Fístulas, quando as úlceras se estendem através da parede do intestino criando uma ligação anormal entre duas zonas do intestino, por exemplo, entre o intestino e a pele ou entre o intestino e outro órgão

  • Osteoporos

  • Inflamação da pele, olhos, articulações, fígado ou vias biliares

  • Aumento do risco de cancro do cólon

Causas

Ainda não se sabe a causa, mas a hipótese mais provável é a existência de um determinado fator (vírus, bactéria) que provoca uma resposta imunológica descontrolada do organismo. Esta irá, posteriormente, provocar inflamação do intestino, mesmo quando o agente causador já não está presente.

 

Para além disso, há ainda a ter em conta a idade (esta doença desenvolve-se geralmente antes dos 30 anos, embora possa ocorrer em qualquer idade), história familiar, tabaco (associa-se não só a um aumento do risco de desenvolver a doença como também de a tornar mais grave), e o local de habitação (é mais comum em indivíduos que residam em zonas urbanas de países industrializados). O stress pode agravar os sintomas da doença.

Diagnóstico

Dependendo da localização, podem ser necessários diversos exames de diagnóstico, com destaque para a endoscopia, que permite examinar o interior do intestino, bem como recolher pequenos fragmentos da mucosa (biópsias) para estudo microscópico.

A endoscopia proporciona um diagnóstico preciso na maioria das doenças que afetam o cólon e permite ainda a realização de diversos tratamentos.

A TAC ou a ressonância magnética abdominal podem também ser relevantes, bem com alguns exames laboratoriais. O médico também pode solicitar exames de sangue e fezes para avaliar o doente.

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Tratamento
 

De momento não há um medicamento que a cure. Existem, contudo, vários tratamentos que permitem melhorar os sintomas e induzir a remissão por um longo período de tempo, oferecendo uma melhor qualidade de vida.

O tratamento mais adequado depende de vários fatores como os sintomas, a localização, a gravidade e a extensão da doença, e a resposta aos tratamentos já efetuados, entre outros. O doente deve ter acompanhamento médico contínuo sobre a evolução da sua doença e sobre os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos.

  • Medicação: os principais fármacos usados para reduzir a inflamação são a mesalazina, corticoides, 5-aminossalicilatos, azatioprina, adalimumab e infliximab, entre outros. Estes são utilizados na fase aguda quando os sintomas são mais graves. Quando não há resposta ao tratamento e nos casos mais complicados utilizam-se medicamentos imunossupressores e terapias biológicas. Os antibióticos são úteis no tratamento das complicações perianais.

  • Alimentação: a maioria dos doentes pode fazer uma alimentação normal e sem restrições, com exceção dos períodos em que ocorre diarreia. Nessas fases, deve ser efetuada uma dieta pobre em fibras e que não contenha lactose. Alguns doentes devem evitar totalmente o leite, uma vez que não conseguem digerir corretamente o açúcar presente neste alimento, já que lhes falta no intestino delgado uma enzima específica. Nos doentes com má absorção pode ser necessário administrar vitaminas e sais minerais. No entanto, uma boa alimentação é importante para a manutenção de um peso corporal normal.

  • Cirurgia: nos doentes com sintomas de oclusão intestinal, fístulas, episódios agudos graves ou muito frequentes, pode ser necessário recorrer à cirurgia. De um modo geral, esta é necessária quando o tratamento médico é incapaz de controlar os sintomas ou quando há uma complicação (obstrução intestinal, perfuração, abcesso ou hemorragia). A cirurgia não cura a doença, mas melhora a qualidade de vida, na maioria dos doentes. Os procedimentos mais frequentes são a drenagem de um abcesso ou a remoção de um segmento de intestino afetado.

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