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Doença de Addison

A doença de Addison, também conhecida como insuficiência adrenocortical crônica, insuficiência suprarrenal primária ou insuficiência adrenocortical de falha primária, é uma doença rara nas glândulas suprarrenais. A doença caracteriza-se por uma condição do sistema imunitário onde o córtex adrenal é destruído, levando a uma produção inadequada das hormonas cortisol e aldosterona por parte das camadas exteriores destas mesmas glândulas.

 

Afeta tanto as mulheres como os homens com igual incidência, afetando indivíduos de qualquer idade, sendo que o mais comum é manifestar-se em indivíduos da faixa etária entre os 30 aos 50 anos.  Cerca de 40 a 60 milhões de pessoas sofrem desta doença mundialmente, no entanto, por vezes há casos de pessoas que não são diagnosticadas fazendo com que esta estimativa não seja muito certa. 

A doença ficou com o nome do médico e cientista Thomas Addison, que foi o primeiro a descrever esta condição médica em 1855, na Universidade de Medicina de Edimburgo.

Sintomas:

Sintomas

Os sintomas desta doença podem variar de pessoa para pessoa. Estes vão normalmente desenvolvendo lentamente no tempo e são comuns com muitas outras doenças, sendo assim não-específicos. Isto leva a que haja atraso no diagnóstico desta doença. Em casos raros, a doença evolui rapidamente causando uma insuficiência adrenal aguda. 

O sintomas mais comum desta doença é a fatiga. Outro sinal primário desta doença é o aparecimento de manchas escuras no corpo, hiperpigmentação. Estes pigmentos aparecem principalmente em zonas com cicatrizes, perto de dobras da pele, como os nós dos dedos e em zonas mucosas como as gengivas. Estas anomalias podem levar ao aparecimento de outros sintomas com tempo.  

Outros sintomas que se podem desenvolver são sintomas gastrointestinais, tais como náuseas, vômitos e dor abdominal. A diarreia é menos comum, mas também pode ocorrer. Os indivíduos afetados podem ter falta de apetite e perda de peso não intencional e podem desenvolver fadiga progressiva e fraqueza muscular. Também podem ocorrer dores e espasmos musculares e dores nas articulações. A desidratação também pode ser outro sintoma proveniente da doença.

A doença também pode desenvolver pressão arterial baixa, que leva a tonturas e em casos mais extremos a perda de consciência. Esta pode levar também à mudança de comportamento e de emoções, este distúrbio tem sido associado com irritabilidade, depressão e falta de concentração.

Nos casos em que os sintomas da doença de Addison aparecem repentinamente, condição chamada insuficiência adrenal aguda ou crise de Addison. Os indivíduos afetados desenvolvem uma perda repentina de força; dor intensa na parte inferior das costas, abdômen ou pernas; vômito e diarreia potencialmente causando desidratação; e pressão arterial baixa e perda de consciência. Esta crise é uma emergência médica que pode causar complicações fatais, como choque ou insuficiência renal, se não for tratada. Uma crise geralmente é desencadeada quando os indivíduos afetados estão sob estresse, como durante um acidente, trauma, cirurgia ou infecção grave.

Causas:

Causas

A doença de Addison ocorre devido à falha das glândulas suprarrenais, que fazem parte do sistema endócrino,  para produzir quantidades suficientes das hormonas cortisol e aldosterona.

A maioria dos casos desta doença derivam de danos ou da destruição das glândulas suprarrenais, em específico do córtex supra-renal, que são as camadas mais externas destas glândulas. Para uma pessoa começar a ter sintomas, o córtex supra-renal tem de estar mais de 90% danificado.

A doença de Addison pode ser classificada de duas maneiras: Insuficiência suprarrenal primária e secundária.

A insuficiência suprarrenal primária é  causada pela incapacidade de o córtex suprarrenal produzir hormonas como o cortisol e a aldosterona, pois este se encontra danificado. Por razões desconhecidas, o seu sistema imunológico vê o córtex suprarrenal como estranho, algo para atacar e destruir. As pessoas com esta doença estão mais sujeitas a desenvolver outra doença autoimune.

A insuficiência suprarrenal secundária é quando as glândulas supra-renais não estão danificadas, mas não podem produzir estas hormonas. 

Neste caso, é um dano causado na glândula pituitária que é danificada, afetando, por sua vez, o funcionamento das glândulas supra-renais. A glândula pituitária faz uma hormona chamada hormona adrenocorticotrópica (ACTH).

A hormona ACTH estimula o córtex supra-renal para produzir as suas hormonas.

No entanto, alguns fatores, que serão mencionados mais tarde, poderão afetar o funcionamento da glândula pituitária, afetando consequentemente o funcionamento das glândulas supra-renais.

A produção insuficiente de ACTH pode levar à produção insuficiente de glucocorticóides e andrógenos, estes que são produzidos pelas glândulas supra-renais, isto pode acontecer mesmo que as suas glândulas supra-renais não estejam danificadas. 

Em aproximadamente 75% dos casos da insuficiência supra-renal primária os danos no córtex supra-renal resultam de uma reação auto-imune, isto é quando as defesas naturais do corpo atacam erradamente tecidos saudáveis, que neste caso são as células saudáveis da glândula supra-renal.

A causa principal da doença de Addison é a tuberculose. Mas há outras menos comuns como infecções repetidas especialmente infeções fúngicas, a propagação do cancro de outra área do corpo para as glândulas suprarrenais, hemorragia na glândula suprarrenal, e a acumulação anormal de uma substância gordurosa nas mesmas.

A hormona cortisol afeta a forma como o corpo reage ao stress e é libertado em maiores quantidades quando uma pessoa está sob stress. Esta também ajuda a manter a pressão arterial e a função cardiovascular, ajudando a regular a quantidade de água no corpo, desempenhando um papel no controlo dos níveis de açúcar no sangue, equilibrando os efeitos da insulina e ajudando na função adequada do sistema imunitário e na degradação de hidratos de carbono, gorduras e proteínas.

A aldosterona afeta o equilíbrio de iões de sódio e potássio no organismo, bem como ajuda a manter os níveis de água e, portanto, a pressão arterial e o volume sanguíneo. A deficiência de aldosterona dificulta a capacidade do rim de filtrar sal e água, resultando em baixa pressão arterial.

Outra causa é genética. Indivíduos podem ter uma predisposição genética para desenvolver a desordem. Ter uma predisposição genética é transportar um ou mais genes que expressão a doença. No entanto, esta encontra-se adormecida, manifestando-se apenas quando são sujeitados a outros fatores externos.

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Diagnóstico

Diagnóstico:

O diagnóstico da doença de Addison é feito através da avaliação de sintomas. Isto pode ser feito com uma análise clínica minuciosa, investigando detalhadamente o histórico do paciente e identificando sintomas  característicos da doença.

Em muitos casos, um diagnóstico é feito acidentalmente durante um exame de rotina quando um exame de sangue mostra baixos níveis de sódio ou altos níveis de potássio. Devido a estas  anomalias no sangue, de modo a confirmar o diagnóstico, o paciente pode fazer uma variedade de testes especializados, incluindo o teste de estimulação ACTH, o teste de hipoglicemia induzido pela insulina e o exame de raio-X.

O primeiro mede a quantidade de cortisol no sangue. Durante este teste, a hormona adrenocortico (ACTH) é injetada no corpo, estimulando a produção de cortisol. Se a injeção de ACTH não estimular uma produção adequada de cortisol, quer dizer que as glândulas suprarrenais não estão a funcionar como devem ser, indicando que o paciente pode possivelmente ter a doença de Addison. 

O teste de hipoglicemia mede os níveis de açúcar no sangue (glicose) antes e depois de uma  injeção de insulina de ação rápida, o que deve levar a uma diminuição da glicose e a um aumento do cortisol. Este teste pode indicar se os sintomas da doença de Addison se devem a problemas com a glândula pituitária. 

Exames técnicos também são usados para o diagnóstico da doença. O exame TAC do abdómen pode ser feito, para verificar o tamanho das glândulas suprarrenais e detectar outros sinais de doenças, como a calcificação das glândulas suprarrenais.

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Tratamentos:

Tratamentos

Esta doença é proveniente de um problema com o sistema imunitário, este que não é curável. No entanto, existem tratamentos que vão prevenir a progressão dos sintomas. Esta doença manifesta sintomas não-específicos, que se podem desenvolver em doenças secundárias, assim muitos dos tratamentos são direcionados para os sintomas que cada doente desenvolve. 

Porém, o procedimento para o tratamento desta doença é a reposição dos corticosteróides, este tratamento é habitualmente feito através de comprimidos, no entanto em situações mais severas o medicamento é administrado sob a forma de injetável. A medicação é usada para repor as hormonas de cortisol e aldosterona que o corpo deixou de produzir. 

Os comprimidos vão garantir que os doentes consigam continuar a sua vida normalmente. Como referi antes, os doentes podem desenvolver outras doenças, tal como a diabetes, estas que vão requerer tratamentos adicionais e um maior controlo dos medicamentos. 

Se os medicamentos deixarem de ser tomados vai levar a que a pessoa entre numa crise adrenal, não sendo esta a única causa para haver uma crise. Uma vez que a crise começa, a única solução é chamar uma ambulância. Alguns indícios da crise são a desidratação, tonturas, vômitos, dores musculares, etc. 

Os que apresentam esta doença usam normalmente um pulseira que os identifica, assim se necessário ajuda os profissionais de saúde conseguem agir mais rápido e eficazmente. 

Últimas Descobertas

​Últimas descobertas:

O último desenvolvimento no estudo científico desta doença foi feito pelos cientistas da Universidade de Bergen na Noruega e pelos cientistas do Karolinska Institutet da Suécia. Este grupo de investigadores descobriram os genes envolvidos nesta doença, abrindo assim, um caminho para a descoberta de novas intervenções e tratamentos

O estudo, que foi publicado este ano (2021), diz que a maioria dos nossos genes está diretamente envolvido no desenvolvimento e funcionamento do sistema imunitário, principalmente o gene AIRE ( AuoImmune REgulator). Este gene vai estar envolvido com a remoção das células autoimunes auto-reativas. Uma variante do AIRE, identificada no estudo, pode comprometer a eliminação das células auto-reativas, levando a que possa haver um ataque autoimune posteriormente. 

Saber o que leva as pessoas a desenvolver a doença de Addison abre caminho para a possível determinação de repercussões moleculares na variação genética. O facto de já se conseguir saber o perfil de risco genético de um indivíduo significa que o tratamento personalizado para interromper ou até mesmo reverter a destruição adrenal autoimune poderá ser possível no futuro.

Sites de Referência

Sites de Referência:

Realizado por:

Mariana Maximino

Mariana Marujo da Cruz

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