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Alopecia Areata

O que é?

A alopecia areata é uma doença autoimune. Uma doença autoimune é uma doença crónica em que os glóbulos brancos, devido a um mau funcionamento do sistema imunitário, atacam o próprio organismo. No caso desta doença, a parte do corpo afetada é a pele, uma vez que o sistema imunitário ataca os folículos pilosos. Os folículos pilosos são estruturas dérmicas, em formato de bolsa, que têm como função produzir e desenvolver o pelo. Este ataque aos folículos causa, como consequência, a perda de pelo, como se vê na imagem abaixo. Apesar disto, o sistema imunitário raramente destrói os folículos capilares totalmente. Assim sendo, é comum em casos de alopecia areata o recrescimento capilar nas partes peladas, ainda que o pelo nessas zonas possa não ser tão forte como antigamente.

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Apesar de esta doença ser definida pela perda de pelo, os doentes são afetados de maneiras muito diferentes. Enquanto uns ficam com o cabelo parcialmente ou totalmente afetado, outros perdem sobrancelhas, pestanas e ainda há uns que apresentam falhas na barba. De acordo com o Hospital da Luz, estima-se que 2% da população poderá ter pelo menos um episódio desta doença ao longo da vida. A alopecia areata afeta tanto homens como mulheres, mas surge principalmente em crianças e jovens adultos.

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História

Alopecia deriva da palavra grega alopex, que servia para descrever a perda de pelo vista nas raposas. Por sua vez, o termo areata é derivado da palavra latina area, que significa espaço vazio. Apesar de o termo alopecia areata ter sido utilizado pela primeira vez pelo físico John Jonston (1603–1675) num livro escrito em 1664, o termo clínico foi introduzido apenas em 1817. Este foi descrito por Thomas Bateman (1778-1821) como “manchas carecas, principalmente circulares” com recrescimento de cabelo “mais fraco e de cor mais clara do que antes”. Para além disto, Bateman recomendou ainda o primeiro tratamento, baseado num produto que continha óleo de cravo-da-índia.

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No final do século XIX, os cientistas tiveram longos debates numa tentativa de procura das causas da doença. Muitos defendiam que a doença tinha origem num parasita que se espalhava principalmente em escolas, entre as famílias e colegas de trabalho. No entanto, a teoria foi rapidamente descartada após tentativas falhadas de identificar a relação entre o parasita e a alopecia areata. Outra hipótese popular que foi levantada defendia que a doença era neurológica. Esta hipótese foi defendida após diversas experiências em animais que mostraram que o stress emocional danificava os nervos que, por sua vez, provocavam a queda de pelo. Finalmente, uma última teoria propunha que as peladas poderiam estar relacionadas com a falta de nutrientes.

 

Apenas em 1929 é que todas estas hipóteses foram refutadas. Após ter analisado os dados e as árvores genealógicas de mais de 200 famílias, o cientista francês Raymond Sabouraud (1864–1938) percebeu que a alopecia areata se podia tratar de uma doença autoimune. Este diagnóstico foi confirmado em 1958 através de experiências que demonstravam que os folículos capilares eram atacados pelos próprios anticorpos.

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Atualmente, com o avanço da tecnologia, conseguiu-se provar que os glóbulos brancos T afetam uma proteína presente nos folículos, denominada UL16.

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Esta peculiar doença autoimune não dá quaisquer sinais de aviso antes de começar a cair o pelo. Mesmo quando este começa a cair, os doentes descrevem que não sentem qualquer sensação. Porém, em alguns casos raros, há quem descreva uma sensação de “queimadura” acompanhada de uma vermelhão na zona da pelada.

Jaime Mantero, João Bugalho, Miguel Paiva e Sousa e Simão Branco

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